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sábado, 20 de setembro de 2014

Ela ouvia Cazuza,depois Elis.Estava aflita demais,pois ele iria vê-la,passou um batom,deu uma nova penteada nos cabelos,tomou um pouco de água.
A hora esperada estava chegando.
Nunca ninguém a tratara com tanto carinho.
Estava nas nuvens,sentindo um turbilhão de coisas ao mesmo tempo.
Há muito ela o esperava.Tinha medo,pois era mais velha do que ele sete anos,mas ele a queria e isso a fazia sentir mais mulher naquele momento.
Sempre sentiu-se reprimida em relação ao amor de um homem.
Na verdade ela nunca se sentiu amada.
Nunca sua pele foi tocada da forma em que ela desejava.
E de repente aparece a oportunidade.
Toma uma cerveja que estava esquecida na geladeira.
Escova os dentes,mastiga um chiclete,retoca o batom,abre a janela.
Fica um tempo olhando aquela rua parada,quase sem pessoas,sábado.
E bate um medo,fecha a janela , volta para seu computador e fica esperando até dar conta que esperava o nada.Sim,as horas passaram,ele não veio,não ligou,nem deixou um sinal na internet.
Havia agora um grande vazio,brigava consigo mesma,revoltada em sonhar,em acreditar.Ela era estragada para o amor,sabia disso e ainda confiar que alguém sairia de Resende ,no Rio,para conhecer uma mineira sonhadora.
Deu graças a Deus!E  se ele fosse um bandido?
E passou o resto do sábado a remoer seus sentimentos,agora tão contraditórios.
Mas algo a inquietava.
Ela sabia que nunca mais iria querer vê-lo.Isso não se fazia.Brincar com sentimentos,mesmo que fosse por via virtual,ele brincou,a fez sonhar com um mundo mais divertido,com horizontes novos e belos.
Nunca ninguém a despertou tanto para um mundo novo,para a possibilidade de viver de verdade,de se sentir amada.De conhecer lugares e pessoas diferentes.
Começou a aprender Alemão,língua difícil para quem é latino e ele a ajudava via rede social.Já arriscava cantar alguma coisa,aprendeu cozinhar e gostar de tudo que se referisse ao idioma e ao país de seu amado.
Ensaiava,ria sozinha,depois ouvia as músicas e se imaginava visitando  lugares maravilhosos ao lado daquele homem de olhos azuis ,que tanto chamava sua atenção,mas seu sonho tinha ido por água abaixo.
Ele simplesmente desaparecera e nem deixado um número  de telefone.Ela se encontrava abafada,com raiva de si mesma,de se deixar levar por uma ilusão.
Final de semana sufocante.Não queria ceder e entrar na rede social e procurar por ele.Isso não.Era um abuso,não permitira ousar tanto,se oferecer,não fora preparada para isso.
A semana começou e sua solidão se amenizou com o trabalho,mas a raiva não.
Até que...seu telefone toca.Um número ,que ela  não conhecia.
Era de um hospital em Leopoldina.
Alguém chamava por ela ,mas ela não conhecia ninguém lá.
A assistente social explica que um homem a chamava.
Ela se assusta.
Como alguém tem meu telefone se eu nunca  dei meu número,só meus amigos e familiares o possuem?
De repente ela entende tudo.
Havia esquecido,mas o alemão pediu seu telefone ,na véspera do tal encontro.
E assim tomada de um medo estranho ela conversa com a assistente social e diz que chegará no outro dia.
Avisa seu chefe e parte para casa.
Não podia dirigir,estava ansiosa.
O ônibus  teria horário só no outro dia.
Será que era sonho.pesadelo,medo?Será que a esperança venceria?
Nenhuma resposta.
Saiu de Governador Valadares e seguiu rumo a Leopoldina,sem ninguém.
Sabia que não aguentaria viajar tantos quilômetros,sem parar,mas foi.
Quando chegou já era noite.
Conseguiu encontrar o hospital,mas não poderia vê-lo.Só no outro dia,depois das 13 horas.
Aconselhada pela atendente do hospital, ela acomodou-se em um simples hotel próximo.
Viveu o céu e o inferno ao mesmo tempo.
Louca,sim sou uma louca e acabou adormecendo.
No outro dia,bem cedo ela vai ao hospital e recebe uma notícia:ele faleceu durante a madrugada e chamava por você.
Quanta loucura,quantos gritos e ais por alguém que ela nunca vira,mas que amava.
E  nunca mais ela quis conhecer ninguém.
Viveu seu luto como viúva.
Não quis vê-lo morto.
Uma amiga a buscou.
E hoje ela vive da casa para o trabalho e escreveu  sua história,diz que é para nunca esquecer-se dele.
Acabei de fazer a revisão para ela e o livro será editado.
Chorei quando terminei de ler seu relato.
Ela amou e ama tanto,que até parece mentira,mas  ela o vê através de seu pensamento e de todo o amor, que por pouco  tempo ela viveu virtualmente e hoje o vive espiritualmente.


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Membro fundador da Academia Inhapiense de Letras