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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Analisei a prova do Enem,e ,percebi que ela não estava difícil,mas com certa maldade e sem muito daquilo que trabalhamos.Talvez alguns dirão que professora é essa que questiona um exame de amplitude nacional e midiática,porém vejo que esse tipo de
exame não contempla de verdade aquele aluno que estudou,"ralou", para adquirir conhecimentos,deixou de divertir para empenhar um pouco mais,uma vez que a escola
pública não oferece com boa qualidade todo aprendizado necessário ou que se pensava para tal exame.
Cobrou leitura,mas de uma forma,que em sua maioria deixou a desejar.
Não me atrevi em questionar as outras provas,questiono a de linguagens , códigos e sua tecnologias.
Vi uma questão em que a obra ,de onde retiraram o texto, faz parte do Realismo e queriam que o aluno descobrisse a quebra da expectativa romântica.
Há questões bobas,outras bem elaboradas,porém sem grande importância.Isso desestimula um bom professor de Literatura,pois poucos textos de nossos autores,parece-me que valorizaram demais os textos eletrônicos.Isso não seria tão importante assim,todavia com essa dimensão continental de nosso país,temos alunos e escolas distantes dessa realidade no norte e nordeste e em outros rincões.Percebo que a busca do conhecimento está superficial e esse exame até que me provem o contrário,não mede igualitariamente nossos alunos.
Me sinto perdida,sem saber que rumo tomar,pois sei que a educação não é só conhecimentos,que não preparamos nossos alunos só para O Enem,também para a vida,contudo a vida de muitos deles depende desse exame ,que em minha opinião ,deixou muito a desejar.
Questões onde havia trechos de Dolores Duran,Noel Rosa,etc.,não é o problema,mas o que me entristece é que nossos alunos foram direcionados para um certo tipo de estudo e a cobrança veio maliciosa,deixando de fora autores que muito bem representam nossa rica literatura.
Acho que preciso urgente arranjar um outro emprego e deixar de ser professora.Estou "careta" demais e minha cabeça não consegue acompanhar a evolução que existe hoje.


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

                                                        Marcella Santana
Alguém deletou sua conta no face,mas o amor de sua família nunca será apagado.
pelo contrário,cada um que conviveu com você
Que aprendeu a te amar, a te respeitar
Cada um sabe o valor da sua presença e a lacuna que hoje existe com sua partida

 Sabemos que os anjos encontraram outro anjo:você
                    você menina morena,amiga,sorridente


                                                Que amava e era amada    
                                        Às vezes aparecendo um pouco misteriosa




                                                  Sempre se fazendo criança
                                                       O Xodó de todos


Dizer que sua família sente sua falta,que chora,que emociona e que ainda assim tem a certeza de um dia te reencontrar,não é novidade,mas essa pequena homenagem é para que você continue eternizada
na vida daqueles que te amaram e continuam te amando e que quando de repente tiver uma vontade louca de ver uma foto sua,poderá  vir aqui e te dar um belo sorriso.
 


sexta-feira, 18 de outubro de 2013



Belo Horizonte.Avenida Afonso Pena,correria ,e ela ali,solta,livre,só em meio a multidão que vai e vem.
Sentada na escadaria da igreja São José,vê a cidade em movimentos,e ali parada frente a tudo e sem querer nada.
Cidade que sempre marcou sua vida.Ela constata que ama BH,mas que é um amor de longe,não para ficar,para apreciar e voltar quando sentir saudade ou quando  for preciso.
Sempre vem,passa um dia,depois volta para sua cidade.Diz que aqui toma um banho de cultura e se revigora,no entanto permanecer para sempre não.É como se fosse um algo que necessita,que faz falta,mas como ela mesma insiste,só um pouco e nada mais.
Adora quando vai à Pampulha,ao Mercado Municipal.Está próxima ao Palácio das Artes,porém
não está com ânimo de chegar até lá.
Pensa na primeira vez que assistiu um filme no Cine Brasil,na Praça Sete,comprou o ingresso e entrou sozinha,quase todas as pessoas estavam acompanhadas e ela só.Foi bom demais,descobria a sua liberdade.
BH,foi seu refúgio.
Quantas vezes ,só pelo gosto de sair de casa,sem rumo,fazer compras,seus livros  e seus discos de músicas italianas e francesas,não havia internet,só na capital é que encontrava seus apetrechos,era feliz.
Hoje é diferente,finge ser feliz,mas é impossível.Uma lágrima começa a brotar."Não,chorar não,uma escolha errada e ter que pagar por isso"
Em nome de uma religião,da honestidade,da família,carregou o fardo,chorou,sorriu,aceitou,tentou entender, se fez família,assumiu a missão de mãe,esposa,e ainda por cima defendia, enganando a si mesma,não dando conta da escolha errada que fizera,mas quando aceitou aquele casamento,tentou acreditar que seria feliz,que teria filhos,que teria um companheiro,não viajaria mais sozinha,teria  um parceiro,,tudo seria melhor.
Quantas viagens fizera,só, e ia para Guarapari, conhecia pessoas fazia amizades,trocavam cartas,lembra de uma amiga que fez e que por muitos anos se comunicavam,ia para Porto Seguro em excursões,Paraguai,Argentina,Poços de Caldas,Valadares,Barbacena,conhecia pessoas diferentes,mas sempre sem um companheiro.
Quantas viagens imaginárias,com aquele que teve medo dela,do desafio de viver um amor.
O marido?Grosso,e carinhoso quando queria,só pensava em seus interesses,egoísta,dupla personalidade,dizia que a amava,mas a deixa só,nos bares todas as noites,algumas vezes o acompanhava e percebia uma outra pessoa,em casa bruto com seus filhos,algumas poucas vezes percebia que precisava mudar seu jeito,fazia uma viagem até o litoral,passavam uns dias lá,nem sempre a viagem era boa,pois ele bebia e novamente a grosseria.
Nunca o abandonou,pois de certa forma sente culpa,ele era de um outro mundo e ela quis trazê-lo para o seu mundo,tempo perdido,conseguiu partilhar do mundo dele,fez amizade e até chegou a amar essa família,é querida por eles.
O problema não era culturas diferentes e sim aquele jeito tosto,que não sabe amar nem a ele mesmo.
Agora se encontra só,em uma cidade grande que ela conhece bem,não se sente solitária,ela tem seus livros,seus pensamentos soltos,seus sonhos e isso ninguém tira dela.
Sempre carrega uma máquina fotográfica,pois tem uma paixão enorme por fotos.
Não se sente feia nem bonita,sabe que tem um carisma,mas beleza não.
Às vezes pensa no infinito,no que poderá vir,nas coisas do alto,é católica praticante e a religião é sua âncora,conhece a história e sabe que pecadora e santa,uma antítese perfeita.
Quando ouve músicas italianas parece uma outra pessoa,algo se modifica,ela canta,faz poemas, e  esquece de seus problemas,mas no fundo ela sente uma ponta de esperança e saudade.
É segura de si é sabe como nunca se defender,sente que nunca foi amada de verdade,só por seus filhos e sua mãe,mas amor de homem,não.
Estudou e ainda continua trabalhando,lê muito,conversa com várias pessoas sobre diversos assuntos,sabe que tem um jeito diferente e às vezes esquisito de ser,faz uso com maior naturalidade das novidades tecnológicas,já descobriu conhecidos na internet,comunica-se com várias pessoas do mundo em inglês e acha interessante ,pois vai aperfeiçoando.
Adora sua profissão,apesar de não ser muito valorizada.
Participa dos movimentos sindicais,fala contra o governo,luta por sua categoria,é honesta em seu trabalho,participa de movimentos na igreja ,adora sair sem rumo e fotografar a natureza,tem um blog onde coloca um pouco de tudo e desabafa.
Chora de raiva e enxuga muitas lágrimas,busca a alegria de viver a cada instante,mas no fundo quando está só,pensando,se sente rejeitada,algo que a feriu no passado,que nunca entendeu,mas não cobrou nada,algo que feriu sua alma,buscou esquecer,fez de suas leituras viagens e trabalho o meio de ser feliz.
Há dias em que bate uma vontade de chorar,saudade insistente,dor que não entende,e de repente deixa passar essa cortina de fumaça e volta novamente ao batente.
Agora está só,seus filhos estudando fora,o marido faleceu.
Está livre,sente falta de companhia.
Com a viuvez se percebe presa,nada a preencher o vazio.
Sente falta de quem a maltratou?Não, sente falta de um amor que não viveu.
Um dia,voltará a sorrir,mas há algo diferente,ela não sabe explicar.Seus pensamentos vão até um passado distante,cheio de poesia,era ingênua e sonhadora,tinha um olhar que buscava um outro olhar,que a desprezou,nunca soube o porquê.
Sempre que encontrava aqueles olhos,esperava que algo a mais acontecesse,mas uma sombra aparecia de repente,uma timidez talvez e  a espera se tornava inútil.
Nunca demonstrou fraqueza,mas quando chegava em casa desabafava,chorava com raiva dele e dela mesma.
E ia levando a vida.
Toda vez que o encontrava,sorria e nada cobrava.
Cobrar por quê?
Se ele nunca havia prometido nada.Ela é que se apaixonara,ele não.
Ele ficou em um passado,distante,uma recordação ou uma saudade,não importa.
A verdade é que ali,em Belo Horizonte ela se recorda de Caratinga,dele,de um amor que não aconteceu,da rejeição que sofreu,da dor que sentiu.
Saiu renovada,desceu as escadas e caminhou pela avenida,quantos sonhos se desfizeram,cada pessoa que passa,cada um com seus problemas.
Lembra de um dia em que estava em uma manifestação e por um instante sentiu um olhar diferente em meio a multidão,era ele, tinha certeza,mas quando o procurou,havia sumido.
Naquela noite de volta para casa,não quis conversar com as colegas,veio calada,sofrendo.
Mas onde estava aquele olhar?Deve ser cansaço ela pensou.
E mesmo que fosse ele,não poderia,era fiel ao marido.
E volta novamente a lembrar do dia em que ele apareceu em sua casa,como sofreu em recebê-lo,decepção,motivo bobo que não justificava sua presença.Se manteve firme,não demonstrou emoção.
Naquela noite,chorou sem saber o motivo,sabia sim,só que fingia para si mesmo.
Nunca o esqueceu e nunca se perdeu por ele, viveu intensamente sua vida,não do jeito que queria,mas viveu e é isso que importava.
Nada tinha para se envergonhar ou aos seus filhos,fora honesta com o marido.
Não o amava,mas o respeitava.
Teve alguns momentos felizes,seus filhos são os melhores presentes que a vida lhe deu.
Espera um dia ser avó.
Caminha em direção à rodoviária,regressará em breve,BH é sua paixão.
Na volta tenta dormir,não consegue.Relembra fatos que pareciam esquecidos para sempre.
Chega em casa,toma um banho bem demorado.Deita e toma uma decisão de não mais pensar no passado e começar buscar felicidade onde ela estivesse.
Antes de dormir ela sente que havia um cheiro forte de flores e vela na casa.
Teve um pressentimento ruim.Cansada dormiu e sonhou que naquele dia em um hospital de Caratinga alguém estava deixando esta vida e ia embora pensando nela.
Acordou e lembrou do sonho,sorriu e pensou,"onde uma pessoa morrendo pensaria nela''
 e  inconsciente ouviu  uma musica italiana e passou o dia muito triste como se tivesse acabado de perder seu único e grande amor.
Pensou no passado,e decidiu que no outro dia a saudade teria fim,procuraria por ele e daria a ela  a chance de ser feliz,o faria olhar em seus negros olhos e receber o carinho que sempre guardou, só para ele.













terça-feira, 15 de outubro de 2013

Acho lindo e agradeço a cada um que lembrou do dia do professor.
No entanto gostaria que além de um carinho sincero de nossos alunos e daqueles que um dia passaram por nós e reconhecem nosso trabalho,eu queria no dia de hoje além desse carinho fazer uma reflexão:o que de concreto a sociedade tem feito para a valorização dessa profissão?Quando digo valorizar é no sentido denotativo,real.Quantos pais tem ido à escola para auxiliar na educação de seus filhos que chegam até nós sem respeito algum,e as leis que nos impedem de cobrar um pouco mais desses alunos,de ensinar mais,pois chegam no ensino médio sem compreender o que leiam,isso quando lê alguma coisa.E nossos governantes que fazem discursos defendendo a educação e quando chega a hora de colocar em prática tudo o que prometeu,inventam leis aumentando nossa hora na escola,sacrificando nosso sábado em reuniões,e esquecendo que a escola é o nosso trabalho,que deve ser bem feito com amor,mas que também temos outros afazeres e que precisamos também de lazer,de descanso.
A escola se tornou um local de tudo.
Temos alunos sem estrutura familiar que vê no professor e nos profissionais da educação um psicólogo e nós não fomos preparados para isso.
Ser professor hoje é por muitos motivo de preconceito,pois há aqueles que fazem desta honrosa profissão,um desastre,pois faltou preparo.
Nossas faculdades precisam rever seus conceitos em relação aos cursos que visam preparar nossos professores.
Nós,professores devemos acompanhar as mudanças,aperfeiçoando cada dia mais,lendo,estudando e não sendo apenas um"dador" de aulas.
Acredito que faço minha parte,questiono,luto por dignidade,mas independente de quanto ganho,sempre busco dar o melhor de mim.
Como qualquer trabalhadora,deixo filhos em casa para levar o pão e então como qualquer um acredito que em nossas mãos passa o presente e o futuro de nosso país,mas sobretudo é preciso que aproveitemos esse dia e pedir a cada um que olhe com carinho os governantes e os candidatos que aparecerão,será que realmente a educação é prioridade?
Não adianta mandar uma lousa digita e colocar um "tablet"l
nossas mãos.
Precisamos é de que nos ouçam,pois ditar normas de um gabinete é muito fácil,é preciso ouvir cada um e procurar atender de verdade nossas vozes que vão além de salários.Precisamos é de profissionais que capacitados nos ajudarão a ajudar nossos alunos que além de todos os problemas,precisam continuar na escola para estudar e aprender a construir um mundo melhor e que nós PROFESSORES,possamos nos entregar de verdade na formação desses alunos,mas sem fazer milagres,sem ser sacerdote,psicólogo e outros profissionais, pois nossa função é de ensinar disso não podemos fugir.

domingo, 13 de outubro de 2013


Caratinga,praça das palmeiras,sentado,vendo pessoas irem e virem,a maioria conhecidas,que o cumprimentam e na correria da vida vão ,uns para o trabalho,outros escola e uma boa parte em busca do nada.
Pensando , parece longe,sua vida na estrada,depois o decidir ficar mais quieto,mais em casa.
Saudades?
Interrogação que complica,pois muita coisa que viveu,teria feito  diferente.
1978:ano em que a conheceu.Lutou muito com seu sentimento,pois percebera desde o início que ela era diferente,decidida e que sabia o queria,mas ele era mais velho seis anos ,não tinha grandes pretensões,não sonhava alto,teve medo e não a quis.
Naquela noite chorou.
Aqueles olhos lindos que o acariciavam,aquele jeito moleque de menina que desabrochava,o medo,esse maldito que o consumia.
Dormiu pouco,um sonho estranho,algo que despedaçava,sabia que ainda dava tempo,mas novamente o receio,ela era muito para ele,não sonhavam o mesmo sonho.
Viajou naquele dia  com a tristeza como companhia.Calado.sisudo e fumando um cigarro atrás do outro,naquela época podia fumar dentro do ônibus,em cada fumaça que subia,uma raiva crescente,um desaforo e desafio a  vida fazia com ele.Já estava com vinte e um anos,desde novo no trabalho para ajudar sua mãe viúva,o filho mais velho,deixou os estudos para ganhar a vida e agora que tudo parecia normal,aparece essa maluca que escreve poemas,que diz para que ele pare de fumar,que lhe empresta livros,que o incentiva a não desistir de sonhar.
Louco,parece que tudo e todos estão contra ele,não tem com quem conversar,pois tem muitos conhecidos e poucos amigos,Belo Horizonte que não chega.Cansado,arrependido,orgulhoso para voltar atrás.
A catedral é linda,imponente,mas se  sente indigno de adentrar por suas portas,pois parece que o Deus que habita essa construção não é o mesmo que ele acredita.
"Por onde ela anda? O que estaria fazendo agora?Será que depois de tantos anos ainda se lembra de mim?"
A última vez que a viu,deve ter uns quatro anos,ela estava linda,como sempre foi,não,mais ainda,o ato de envelhecer nos atingiu,todos de minha geração estão velhos,mas ela não,quanto mais o tempo passa,mais linda,mais segura de si.
"Sei que casou.Doeu saber.
Alguém me disse que ela ainda tinha esperanças a meu respeito,dispensou vários rapazes,até que soube que eu havia ido morar com uma mulher e que eu adotei os três filhos dela,disso eu não arrependendo,mas amor?Só por ela,e eu deixei esse sentimento ir embora,através de um não,de um olhar perdido e sofrido que eu percebi muito tempo depois."
Belo Horizonte,Avenida Antônio Carlos,chegando,rodoviária,maldita cidade,sempre me fazendo lembrar dela.Descansar e voltar.E assim seguia a rotina.
Dois anos e a promessa de largar o emprego ,de fazer a última viagem ia sendo adiada,mas naquele dia seus pensamentos começaram novamente a dilacerar todo o seu ser,a maldita saudade invadindo ,tomando conta, doendo.
Mais uma fumaça e mais um pensamento nela.Alguém falou do jogo,até isso."Meu Deus o time que ela tanto gosta é o meu,pelo menos há algo em comum,mas seu jeito tão diferente de mim  é que me incomoda e me fascina."
Dois anos  sem vê-la ,mas  o seu jeito de sorrir,achando graça de tudo,cumprimentando a todos,esse jeito não tem como esquecer.
Na viagem de volta uma surpresa: ela,linda,seria miragem,devaneio?Não, é ela ,a dona dos meus pensamentos confusos,parece surpresa,me cumprimenta e entra.
O que fazer?
Sensação estranha,tão próxima,tão distante,confusão,cabeça rodando.Não sabe que atitude tomar.Monlevade,parada do ônibus ,ela desce,vai ao banheiro e volta rápido,compra um refrigerante e lentamente volta,parece decepcionada,não entende o desprezo que parece sofrer;talvez não,ela entra novamente no ônibus e retoma sua leitura.
Agonia,viagem que não acaba,saudade dela,medo e,ela ali."O que fazer?"
Em Timóteo,nova parada.Dessa vez ela não desce,está só."É agora.Preciso ir até ela,olhar naqueles olhos que brilham e acariciam,perceber a beleza dela,dizer a ela da falta que sinto,pedir desculpas,inventar desculpas, recomeçar tudo."
"Chego,sem graça, ela conversa comigo como se o adeus nunca tivesse acontecido,sorri,disse sentir saudade,que o tempo estava passando ,e que no final do ano ela se formaria,convidou-me para o baile e  foi falando de seus planos para a faculdade,dos livros que estava lendo  e de repente abre a bolsa e tira um  poema e me entrega,pede que eu leia depois,diz que escreveu para mim.
Rapidamente penso naquele dia,ou melhor naquela viagem,a última, e ainda a presença dela."
Em casa, trêmulo pega o poema:
Encontro
Te vi,num momento
te acariciei com os olhos
fez nascer um sentimento

Te olhei e percebi
a grandeza de tua presença
e foi aí que vivi

Num querer tamanho e profundo
a primeira vez te beijei
me senti forte e dona do mundo
foi  por que te encontrei

Te encontrei e te quis
sem preconceitos e sem dor
vence e é feliz
quem luta por amor

E nos encontros da vida
vivo a te buscar
não tens a flor perdida
por que morreu sem  saber amar
te busco a instante perdido
mantido além vida
que perdeu o tempo sofrido
na esperança perdida

Te vi e cada encontro
te vejo e a cada momento
te busco  e me confronto
com o meu sofrimento
que se dá a cada encontro
Leu,releu,sonhou,acordou e não conseguiu dormir.
Concluiu que precisava dela,mas que a fazia sofrer,pois não decidia,a ignorava e a queria.
Onde ela está nesse momento?
Sozinho,em frente ao cartão postal de Caratinga,olhar triste e cansado.
Cabelos brancos.Envelhecendo rápido,saudades daquilo que deixou de viver,do tempo em que com uma palavra,uma atitude poderia tê-la como namorada."Sim.Ela queria andar de mãos dadas, ir à igreja comigo,ser feliz com seu jeito,que hoje percebo ser simples de ser."
O poema,foi  transcrito e o papel guardado,dentro da bíblia,pois sabia que ninguém encontraria."
Novo emprego,motorista de funerária.Convivendo com a dor o tempo todo.Cada um com seu sofrimento,acostumara com a dor.
Um dia a encontrou em um funeral.Estava quase na  hora do enterro,era seu professor de Educação Física,assassinado,sem motivo,uma louca fez intriga com o amante.Todos indignados.
"Ela chegou  até mim,não sorriu,estava triste,pois aquele professor era especial e sua morte estúpida.Convidei que fosse comigo no carro da funerária e ela aceitou.Contou-me que havia terminado a Faculdade e que estava trabalhando,que iria fazer uma pós-graduação e quando chegamos ao cemitério,ela desapareceu ,depois a vi com suas colegas."
O enterro foi de manhã e para ele o dia estava demorando a passar,queria chegar em casa,ler o poema,pensar naquela maluca que estava concretizando seus sonhos e sonhando cada vez mais. Não conseguiu ,outra família precisava de seus serviços e naquela noite,chorou ,não pela família,mas por ele mesmo,que sempre foi covarde,nunca persistiu,sempre fugiu,medroso e covarde.
As pessoas continuam indo e vindo, e ele ali,parece que perdeu a noção do tempo,brinca com sua memória,seus filhos adotivos tomaram rumo,estudaram,casaram,parece  que são felizes.
Quanto tempo que não tem sossego no espírito?Sua alma é triste,seu sorriso é trêmulo.
"Preciso vê-la,sabe que ela é casada,mas sua ânsia em vê-la  é maior que as convenções,sua angústia o faz sentir necessidade só de colocar seus olhos naqueles olhos que sempre o acariciou,sem maldades,sem preocupação,simplesmente olhar para ela e continuar se encantando com seus olhos.
Encontro seu nome no catálogo e ligo,o locutor da rádio brinca comigo dizendo  que estou tremendo e que aquele não era um simples telefonema,quer saber para quem e eu por respeito não digo,ela atende e diz poder me receber,pareceu-me bem surpresa,pois eu  usei do poema como desculpa para procurá-la. O locutor fica atento,mas não consegue entender nada,Continuo conversando com ele,pois eu agora agencio alguns cantores e tenho umas músicas minhas que eles gravam,e meu  encontro com ela será daqui a uma hora,na casa dela.
Quando  ela vem abrir a porta,me recebe sorrindo,mas me pareceu com um pouco de medo.Perguntei sobre sua vida,ela me disse estar casada,ter filhos e rapidamente desvia o assunto perguntando sobre o que estou fazendo e eu digo,e aproveito para dizer a ela do interesse em colocar música e saber se aquele poema era mesmo de autoria dela,vamos conversando e ela me oferece café,não aceito e ela continuava demonstrando muito medo e então percebi naqueles olhos a falta do brilho que me atingia e acariciava minha alma.
Olhei e vi medo,tristeza,embora ela sorrisse.Para falar a verdade vi mais tristeza  do que medo,vi um abismo,vi a falta que fiz na vida dela e isso doeu muito e ainda dói.
Dei uma desculpa e sai,ela foi até a porta e ainda conversamos algumas banalidades.Mesmo vendo que havia algo errado,não perguntei e ela não falou,continuou me revelando firmeza de caráter e dignidade,mostrou-me que é possível viver  mesmo que as coisas não estejam indo bem  e ela  mais uma vez não me cobrou nada ,foi como se o adeus não tivesse sido dito,que tudo estava normal."
Naquele resto de dia ele voltou a sentir a mesma sensação estranha,agora com mais intensidade,algo que incomoda,dói,faz sentir bem e mal ao mesmo tempo,tristeza em perder,
alegria em revê-la,na verdade pouca alegria,pois aqueles olhos perdera o brilho,ou quem sabe é só saudade.
"Saudade novamente invadindo,esta praça é linda,a igreja maravilhosa.
Pensamentos desencontrados,passado e presente tudo misturado,angústia,medo,vontade de voltar e refazer  a sua vida,impossível.Essa certeza incomoda.
E ela?Há tanto tempo que não a vejo,última vez foi em sua casa, depois em BH,nunca mais,já passei na porta de sua casa e nada,são vinte e nove  quilômetros de distância e parece haver um continente entre nós.
Não sei mais de sua vida,e essa falta de ligação me incomoda,mas meu caráter impede de procurá-la novamente,ela mesmo que ainda guarde algo por mim,jamais me aceitará,sei de seu jeito firme e honesto de ser,ela deve sofrer sozinha,calada,deve até pensar em mim,em um amor que por covardia não aconteceu,mas nem disso ela sabe,recusei, se eu falar a ela que eu tinha medo de enfrentar a vida como ela fazia,tinha receio de ter que vencer como ela venceu e tinha medo de amar."
Um dia ele havia saído sem destino e resolveu ir a Belo Horizonte,cidade que o incomodava,e
sozinho foi pensando em tudo que viveu,a perda da mãe,o consolo de sua companheira,que era  boa,mas sem grandes pretensões,o sobrinho que nasceu. E nessas reminiscências,novamente pensa  que viveu uma vida tranquila,mas não aquela que hoje ele gostaria de lembrar,é grato a Deus pela saúde que teve.
Está na praça,o envelope na mão,daqui a pouco seu médico lhe dará a sentença,está preparado para qualquer notícia,mas tudo seria mais fácil se ela estivesse ali com ele,teria mais força,conseguiria fortaleza naquele olhar que brilhava e o acariciava.
Nunca passaram de alguns beijos,nunca ousou com ela,sempre a respeitou mesmo que todo seu corpo pedia mais.Sempre a idealizou,foi um idiota romântico,mas sem confessar esse amor.
Sentia prazer em tê-la pura diante de si e ao mesmo tempo um desejo que controlava com muita dificuldade.
Ela,talvez nem se lembre mais dele e em seu delírio ele pensa nela.
Chegou a BH,tudo igual e diferente ao mesmo tempo,movimento maior,não procurou nenhum colega de seu antigo emprego,talvez nem tenha ninguém mais de sua época.
Foi a igreja São José,entrou,orou,pediu que Deus o ajudasse a dar um rumo em sua vida,ninguém entendia tamanha mudança,isolou os poucos amigos que tinha,calado em casa.
Não compunha nada,silêncio total,quebrado às vezes por uma música italiana"Dio como ti amo",antiga,na voz de Gigliola,linda.Música que ela sempre cantava um pedaço,bem baixinho e depois ria dizendo que precisa aprender o resto.
Sai da igreja e mais uma volta pela cidade,desta vez parque municipal,senta em um banco,compra um pipoca e ri de uma criança pegando pirraça.
Nunca teve filhos,sua companheira já tinha os seus e não queria mais,e por isso seu sonho de pai foi abortado.
Sai do parque,dá uma volta no centro,fica um tempo na praça Sete,caminha em direção à rodoviária,e num passe de mágica,ele a vê ,já era tardezinha e a reconhece em meio a uma multidão de professores em greve,sorri,ela sempre em luta,mas não há como chegar até ela,o carro de som impede ouvir seu grito que morre na garganta,muita gente,tenta chegar,não consegue.A avenida Afonso Pena toda tomada de professores e ele ali como um bobo sem saber se ia ou se ficava ali parado.
Toma a decisão e vai embora,ele não tem o direito de  perturbá-la  depois de trinta e cinco anos.
Belo Horizonte fica para trás,foi sua despedida.
Chega a Caratinga decidido em levar sua vida como sempre fez,voltar a roda de amigos.Tocar seu violão,escrever uma letra,compor uma música,mesmo que ninguém a ouça.
Ela é passado,continuará sendo saudade,mas sua vida é outra,decidiu  e tem que ser feliz com aqueles amigos e família que escolheu.
"É isso,Deus me abriu os olhos,tenho que viver e intensamente,fui covarde mas passou,não há como começar novamente, então o ideal é aproveitar e levar para frente,isso ela aprovaria tenho certeza,depressão nada,vida sim e com alegria"
Ele por um certo tempo conseguiu ir voltando a sua vidinha de sempre até que um dia acordou com uma dor estranha,foi ao médico e ele pediu vários exames então começou novamente seu desatino,estava doente,justo agora em que viver era gostoso,ele pensava.
E  ali,na praça esperando a hora de ir ao consultório,levar seus exames,lutar para viver se preciso for,mas de cabeça erguida,pois sempre foi honesto,não teve religião,porém tem fé em Deus,na vida e é grato por tudo que viveu,tem que sair e ir em busca de  uma nova luta,e a vida é uma constante luta.
Pensa estar preparado para o diagnóstico,se der certo,agradeceria a Deus,se desse errado a ele recorreria,Deus sempre esteve ao seu lado.
Amará muito ainda,os netos de sua companheira,seus sobrinhos,seus amigos.
Levanta e caminha rumo ao edifício Monte Azul.
Aguarda pouco tempo.É chamado e o médico analisa seus exames e dá o diagnóstico:câncer de pulmão.Sente um tremor,encara o médico e diz que fará o tratamento,sai,sem tristeza aparente,por dentro está triste,tem pouco tempo ,sabe disso.
Ela nunca saberá,mas seu último pensamento é voltado para ela, e lembra muito bem do que escreveu naquele dia  em que ousou pela primeira vez e a procurou:
Tive medo de enfrentar o teu amor
só que o meu medo te causou tanta dor
que nem eu mesmo imaginava

Porém ao te reencontrar
minhas trêmulas mãos
emoção forte
e o medo ali.
Só então percebi
que fui um tolo
pois você está quase como deixei
digo quase
Na verdade está mais bonita,
está linda
  o tempo te enriqueceu
te trouxe um brilho diferente
                           que atrai
Suas palavras
hoje,encantadoras
quase como antes
digo quase
fascinam mais

Ah!como fui tolo
 Meu amor só compreendi
depois  que te perdi
mas fica o alento
você me chamou de amigo
e isso bateu tão forte em mim
(Abril de 2006)

Ela nunca saberá...











quarta-feira, 9 de outubro de 2013

                              Saudade,que confusão!
Madri ,aeroporto de Barajas,daqui a pouco começa a rotina,sempre é assim,mas seu ser está diferente,está tenso,sempre fica tenso,há algo de estranho,um medo misturado com alegria,gozo e aflição,não consegue definir.
A tensão não é a mesma de todos os dias,nunca antes havia acontecido,alguns colegas o cumprimentam,friamente,como sempre,só Maria que não,ela sempre lhe sorri de forma diferente,alegre,contagiante,deve ser seu lado latino.
Já se encontra na cabine,não pode pensar em mais nada,uma oração e concentração.
Daqui duas horas estará em terra novamente.
Antes, ficava louco para a viagem demorar,apesar de o tempo sempre ser o mesmo,mas agora não,seu jeito de ver a vida mudou,sua esperança está renovada,porém há um problema a ser superado, a língua.
Há uma angústia misturada ,parece ter feito uma salada de frutas com seus sentimentos ,não consegue definir nada,seus fios embolaram,pane em sua cabeça.O que fazer?
Conhece aeroportos do mundo inteiro,mas poucas cidades,vai e vem,sem um lugar só seu,seu olhar triste,sem jeito,tímido.
Saudade, essa palavra que ela insiste em dizer não haver em outra língua ,só na dela.
Que diferença há ?No tradutor vê essa palavra como desejo ardente,cobiça.Ela diz que não,que é uma lembrança que dói,que às vezes é gostosa e ele não consegue entender.
Uma pergunta que não cala,será que os falantes dessa língua têm sentimentos diferentes?Amam diferente e sofrem e alegram ao mesmo tempo e a isto dão o nome de saudade?
Precisa urgentemente aprender esta língua ,ela está conseguindo tirá-lo do sério.Lábios vermelhos,desejo,muito desejo e ela não permite.
Precisa vê-la,só conversar no chat não basta,quer mais,quer ver o olhos de jabuticaba.
Ela parece ser simples,e não como as mulheres que ele conhece,cheias de charme,belas,porém sem o brilho da sinceridade.
Ela se diz filha das montanhas,ela sempre compartilha fotos de uma amiga que vive entre
as montanhas ou gosta delas,não conseguiu entender direito.Realmente as fotos são lindas e o lugar sugere paz.
"Paz é isso,preciso que meu coração,meu espírito,todo meu ser encontre paz.A perdi desde quando por acaso,descobri aquela mulher no facebook e começamos a conversar."
Meu tradutor faz com que briguemos,eu entendo tudo errado , ela fica nervosa.
Preciso aprender que saudade não é lembrança ,pois eu digitei e ela disse que é uma lembrança diferente,mas diferente como?
Insisti e digitei recordar,novamente ela diz que saudade é mais do que recordar,ás vezes é um recordar alegre,em outras é recordar com tristeza,digo que não entendo,e ela insiste em dizer:"Senti saudade" e fico lembrança,recordação,alegre e triste,saudade.
vou aprender Português,custe o que custar,vou ao Brasil conhecer a menina morena dos meus sonhos e ainda vou com convicção e verdade dizer a ela que senti saudade,mas primeiro preciso compreender melhor a língua para não dizer bobagem e magoá-la ou até mesmo ser palhaço,pois há palavras que digo e ela ri.
Tudo seria mais fácil se todos soubessem Inglês.
"Estou trabalhando na Espanha e no entanto só me comunico em inglês.Tenho que estudar Espanhol para aperfeiçoar-me mais e relacionar com as pessoas daqui,mas preciso urgente aprender Português para descobrir o segredo em sentir saudade que ela me diz que pode ser gostosa."
Que confusão!

Eu

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Membro fundador da Academia Inhapiense de Letras