Ela sempre acreditou,apesar de tudo que ele fazia,ela
acreditou.
Acreditou em sua família,em seus filhos,em suas verdades,em
tudo e todos.
Nunca deixou de crer,mesmo quando tudo parecia naufragar,sabia que havia alguém ou algo que a segurava,que dava forças,que a
levava para frente.
Nunca havia perdido a esperança,nem a fé.
Sempre acreditou que a luta valeria a pena,que as migalhas
recebidas se multiplicariam e um dia se tornariam um pão de verdade,um maná.
Visitou as sombras e saiu irradiando luz,pois
acreditava,sentia que um vento soprava diferente em torno dela,rodopiou feito um pião ,deslizando ,soltando da corda,mas mesmo assim fazia
disso tudo um suave bailar e com os pés doloridos sorria,pois sempre
acreditava,dava firmeza a muitos,era rocha para outros,mas por acreditar
demais,ela se deixava ir,movida por essa estranha fé e havia algo impulsionando-a.
Criatura estranha,acreditava demais,parecia uma personagem
saída de um conto de Clarice Lispector.
Nunca aceitou ficar só.Sempre viajava em grupos e como
gostava de ficar em uma roda de conversa,principalmente se fosse sobre músicas
e livros.
Como ela gostava de músicas antigas!
E sabia cantar,tinha uma voz gostosa de se ouvir.
Hoje,está só,melancólica,sem saber que rumo tomar.
Já não existe a preocupação,só a saudade que dói.
As fotos antigas estão em uma estante.Não quer mais vê-las.
Começa a esquecer que um dia sonhou em ser feliz.
Já não sente mais vontade de preparar uma comida gostosa.
Não quer mais viver,mas de repente,ela percebe novamente aquela brisa estranha,que
como uma valsa a rodopia e a leva para
um livro e nesse instante a magia acontece,ela
vê dedicatória de uma amiga onde se lê:"A você que me ensinou a
gostar e a viver a leitura,que nunca morra essa garra e essa gana em nos tornar
leitores".
Estranhamente ela
voltou para trás e sorriu.
Parecia que algo a
instigava e a fazia remoçar.
Eu sempre a ouvia,e era gostoso escutá-la.
Ela sempre me fazia reviver suas histórias quase
cinematográficas.
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