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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

                    
   Lembranças ou fantasmas?
    Depois de muito pensar,de perder noites de sono,ela decide ir.
   Sua filha,a melhor amiga,insiste que vá,pois só assim a sombra poderá ser desfeita desse passado  que não consegue esquecer.
   Foi duro a partida,seu olhar se volta para o tempo passado e recorda,primeiro com alegria,depois  com angústia que dilacera e chega a doer na alma,algo que nunca ficou resolvido e agora ela precisa dar fim a isso.
   Sua tristeza se mistura a alegria de reviver,de poder medir seus sonhos,de mostrar a ela mesma , que o sofrimento não foi em vão.
   Saiu,em um ônibus da Transcolin,em um dia chuvoso,com poucas roupas e sem saber bem o que fazer na capital.
   Viagem longa,em cada curva um sonho que ficava para trás e uma incerteza pela frente.
   Na verdade não se despediu de ninguém,estava fugindo de um erro que não cometeu,mas como explicar?Nada que dissesse ,o preconceito era muito e ela era uma mulher de família.
   Recorreu a uma mulher que estendeu a mão e deu a ela um endereço na rua  Guajajaras em Belo Horizonte e que alguém a aguardaria ali.
   De repente um medo que assola,a vontade de retornar,contar tudo,mas o dinheiro não dava e além do mais já deveriam ter dado pela falta dela.(e lido o que deixou).
   O ônibus parou.
   Ela não desceu,tinha perdido a fome,estava com náuseas, estranhamente diferente,tudo muito difícil,muito dolorido.
   Agora faz o mesmo trajeto,só que diferente,mais madura,com rugas,com o coração menos apertado.Vai  de avião até Ipatinga.
   Pega um táxi e pede ao motorista que a leve até a rodoviária.(Bem que poderia ir até a sua cidade de táxi,hoje tem dinheiro,mas prefere ir de ônibus(Rio Doce),para melhor ir apreciando o lugar,visualizar ,analisar o que mudou,refletir,e sem culpa ,rememorar tudo.
   Depois de um certo tempo o ônibus para e ela ali em sua cidade,sem saber para onde ir.
  Tudo mudado.
  As pessoas,nenhuma ela conhecia,as casas reformadas,prédios erguidos e somente em sua imaginação poderia estar ali junto com seus fantasmas.
  Encontrou um hotel no lugar da gameleira,entrou.Fez sua ficha,hospedou-se ali,banhou-se e saiu para o encontro com sua cidade e consigo mesma.
   Perto do hotel percebeu lojas,farmácias,padaria,uma imensidão de pessoas e coisas que não havia quando foi embora.
   A igreja estava ali,continua imponente,mas as construções parecem querer ofuscar seu brilho.
   Caminha em direção,sobe os degraus da escada,o jardim está diferente,a grutinha no mesmo lugar,volta para trás e vê o viaduto.(parecem dois),não tem certeza.
  Lembra se de quando os carros passavam todos pela cidade,estavam construindo o viaduto.
  Bem devagar vai subindo as escadas,até que chega e começa a ver a diferença da igreja que deixou com aquele que agora se encontra em sua frente.
  Os degraus das portas foram modificados,ao lado da igreja  há uma estação de rádio que ela não sabia da existência.
  Entra na igreja e se espanta.
  Pinturas maravilhosas,mas e a pia batismal?Já não se encontra mais ali.
   Parece ouvir o padre cantando"Com a igreja subiremos o altar do senhor".
   Senta e relembra,as primeiras sextas que levantava cedo para acompanhar sua mãe,os cânticos do Apostolado da Oração.As roupas pretas das zeladoras,as fitas vermelhas,lembra de dona Oracina,dona Filinha,dona Nilza..., e vai desfilando por sua memória cada uma das mulheres que após a missa iam conversar com sua mãe.
   Ajoelha e começa a rezar,e entre a oração e a recordação,passa um bom tempo ali,em seu refúgio.
   Saí dali um pouco diferente,não sabe se melhor,mas diferente.
   Olha a casa do povo,reformada.
   Resolve descer a rua e nenhuma casa de seu tempo.
   Tudo modificado,vai descendo e lembrando das brincadeiras ,da vontade de morar ali,mas que fugia da Minguante para ir até ali.no jardim da rua da Cadeia.
  Cadê a cadeia?A casa do Odilores?A pensão de dona Augusta?
  Volta pela rua da prefeitura, mas onde está?
  A única coisa que lembra é a escola que pouco mudou,aquela casa de seus sonhos já não é a mesma.
  Na esquina um banco?E o clube onde ia para dançar,conhecer pessoas?Ficou também sepultado ou trocou de lugar? Nesse instante lembrou-se do vai e vem de rapazes e moças,todos com olhares sonhadores e que também desfrutou disso.
   Vai caminhando,edifícios,poucas casas ,muitos prédios,vai passeando,olhando,tentando reconhecer alguém em algum olhar,tentando fazer as pazes com o lugar onde nasceu,desce a rua da ponte,nada do que lembrava,vai em direção à rua da Minguante onde por muito tempo morou.Uma casa velha quase caída,o hotel,o posto de gasolina era em outro lugar.Cadê a casa da dona Maria da loteria, o bar do Zé Maria, a casa da dona Mariquinha virou igreja?
   Eis que chega ao jardim,a única casa que aparenta não ter sido modificada é do senhor Beco,e o coreto?Nada?
   A Farmácia da esquina não é a mesma.
   O ginásio virou prefeitura?
  A casa do doutor Mário está linda,mas não é a mesma que ficava ao lado do banco.
  Cadê a casa do senhor Jorge?
   A casa de pensão está lá,mas fechada e sem a placa ANIRAM.
   A barbearia do senhor Laudemiro,a sapataria do senhor Zé Balbino,a mercearia do Joaquim Arantes,A casa da Isa e do Vanderlei,o bar do Jair Maia.(Deu vontade de chupar um picolé de amendoim).
   Caminhando pela minguante lembrou do Mazinho,do Valtinho Pirata,da dona Gertrudes,da padaria do Manuel  Medina,do quintal cheio de mangas da dona Júlia.Da ponte de madeira que ligava ao sítio do Manuel Amaro.
   Nada disso existe mais.
   Volta para o hotel,passa por um lugar tomado de prédios,onde sempre havia um parquinho com canoas para balançar.
  Chega ao hotel,descansa.Vai até a janela e vê novamente a igreja e percebe que não  é a cidade que deixou , não deve despedida nenhuma.
  Desiste de ir mais além.
   Não quer olhar nada,só sabe que nada deve,pois junto com seus fantasmas aquela cidade se foi.
  Lembra da serraria,da rua do viaduto,mas prefere nem olhar.
  Está quite com seu passado.
   Liga para sua filha e diz estar feliz,que encontrou velhos amigos  e que no outro dia andaria mais pela cidade.
  Não levantou mais.
O dono do hotel chama a polícia,encontra seus documentos e liga para sua filha,que muito emocionada diz que estava indo para aquela cidade e que providenciassem tudo.
Foi velada em uma capela onde se encontravam alguns curiosos e outras pessoas que por pena ficaram ali,seu corpo foi sepultado naquela cidade,mas seu espírito buscava outros horizontes.














terça-feira, 10 de dezembro de 2013


O gosto pela leitura deve ser despertado sempre e nossos alunos são capazes de retratar a emoção vivida nos romances.
Sempre uso um recurso diferente para valorizar cada um.
Um sarau,uma conversa,um desenho e assim cada um vai se mostrando e mostrando nossa Literatura.
Fotos de trabalhos realizados pelos alunos dos 2ºA e E











Eu

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Membro fundador da Academia Inhapiense de Letras